Oneshot: Você está livre hoje?

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Seu ponto de vista

Durante a semana, o tédio reinava. Porém, bastava quinta-feira chegar para que meu sentimento mudasse para ansiedade. Ansiedade para que o meu celular tocasse mais uma vez e ouvisse uma voz sexy do outro lado da linha. Estava enfurnada no trabalho e já não sabia mais o que fazer para que o tempo passasse. Havia ficado o dia inteiro trancada no escritório, revisando matérias e até mesmo corrigindo erros absurdos de ortografia e gramática. Parecia que minha cabeça ia estourar a cada barulho que o miserável ponteiro dos segundos fazia de tanto que doía.

Quando finalmente me vi livre do resto de trabalho que ainda tinha, juntei as minhas coisas e saí andando pela redação quase vazia. Apertei o botão do elevador e, enquanto esperava que chegasse, bati o salto insistentemente no chão de granito, impaciente. Depois de alguns minutos, quando saí já na portaria do prédio, senti meu celular tremer e, quando peguei o aparelho, ouvi uma voz do outro lado da linha:

- Você está livre hoje?

- Sim. - Respondi.

- Me encontre no bar do hotel Hilton de Santa Monica, perto do píer em... Uma hora está bom para você?

- Sim.

Assim que consegui um táxi, fui até em casa, tomei um banho rápido e escolhi um vestido vermelho de tafetá, com decote e comprimento discretos. Fiz uma maquiagem rápida e básica, além de prender os cabelos em um rabo-de-cavalo alto. Assim que estava pronta, tomei outro táxi e, uma vez que entrei no saguão, perguntei onde era o bar e me indicaram. Chegando lá, dei uma olhada geral no ambiente e meu olhar foi capturado por um rapaz de cabelos , que tomava uma dose de uísque. Respirei fundo e me aproximei, observando-o melhor. Era simplesmente o cara mais lindo que eu já havia visto na vida. Assim que me notou ali, disse:

- Todo amante verdadeiro sabe que o momento de maior satisfação vem quando o êxtase é muito longo e ele vê diante de si a flor que desabrochou sob seu toque.

Dei um sorriso fraco ao ouvir a citação de um dos meus filmes preferidos.

- Don Juan DeMarco... - Respondi. - Um dos meus filmes favoritos.

- Jura? Que coincidência! - Ele disse, com a voz um pouco rouca e me fazendo arrepiar. O barman pôs a taça com o meu drink sobre o balcão e agradeci, tomando o primeiro gole.

- Uma pena não podermos saber os nomes um do outro. - Ele comentou.

- Se soubéssemos, provavelmente perderia toda a graça. - Disse. Tomei mais um gole do cosmopolitan e então, percebi que estava me olhando, não do jeito predador que a maioria dos homens costumava me olhar nesses encontros, mas era diferente. Terminei a bebida e pus o copo sobre o balcão. Me encarou com seus olhos e perguntei:

- Podemos ir?

Assentiu e me guiou para fora do bar. Estranhei e quis saber:

- E a conta?

- Eu pago depois, não se preocupe.

Continuou me guiando por todo o saguão até pararmos em frente aos elevadores. Avisou ao ascensorista em qual andar iríamos e durante todo o tempo, não falamos qualquer palavra.

Assim que chegamos ao andar da suíte presidencial, me surpreendi e o olhei, surpresa, fazendo-o rir baixo. Destrancou a porta e me deixou passar primeiro. Todo o lugar estava iluminado por velas vermelhas e espalhadas pelo quarto e havia um leve cheiro de incenso, mas não era como aqueles de lojas de artigos exotéricos, por exemplo. Era diferente, mais gostoso.

- Então... - O ouvi dizer, atrás de mim. - você quer... Tomar mais alguma coisa antes de a gente começar?

O olhei e parecia que eu estava vendo um adolescente inexperiente na minha frente. Me aproximei lentamente, fazendo questão de rebolar enquanto dava os passos e, assim que parei na sua frente, segurei seu rosto e o puxei para mais perto. Lentamente fechei os olhos e não tardei a sentir sua boca na minha. Era a única regra que estava quebrando: A de não ter beijo, uma vez que era considerado um ato muito íntimo e, como normalmente era só sexo casual...

Eu fazia parte de uma espécie de grupo secreto aonde em todos os finais de semana, uma pessoa ligava para um número, que era a central, e era transferido para o celular de outra. Como deu para perceber, não podíamos perguntar os nomes um do outro, para preservar a identidade, além de várias outras regras. Normalmente, os encontros eram marcados em hotéis, as pessoas se encontravam por uma única noite. Ah! E quem ligava para marcar um encontro costumava receber uma lista por e-mail com um perfil do outro, contendo informações como o tipo físico, além dos pontos fracos e o que não gostava entre quatro paredes.

Eu sabia dos riscos que corria por ter beijado aquele cara irresistível que agora envolvia minha cintura com seus braços e fazia meus joelhos bambearem. Tratei de tirar a camisa que usava e, no instante seguinte, senti uma das suas mãos indo para logo abaixo da minha bunda, erguendo minha perna. A enrosquei em torno do seu quadril enquanto ia me carregando até a cama. Assim que senti que se debruçava e era deitada sobre o colchão, o puxei para mais perto, fazendo questão de envolvê-lo em um abraço e, com uma das mãos, arranhei sua nuca e o ouvi gemendo baixo e rouco. Apertou minha cintura enquanto intensificava o beijo e pressionava seu quadril contra o meu. Tateou em busca do zíper do meu vestido e, assim que o achou, puxou para baixo e me despiu. Mesmo que estivesse praticamente nua na sua frente, sendo que nem nos conhecíamos, ainda sim eu não conseguia me sentir envergonhada. Deixei minhas mãos deslizarem por seu peito até chegar no cós da calça e, assim que encontrei o botão da sua jeans, o abri e baixei o zíper, percebendo que seu pênis ficava mais duro do que já estava. Não resisti à tentação e o toquei, enfiando a mão entre sua calça e a cueca, e o apertei de leve, ouvindo-o gemer na minha boca. De maneira impaciente, deslizou as mãos por baixo das minhas costas até encontrar o fecho do meu sutiã e abri-lo. Uma vez livre da peça, comecei a empurrar sua calça para baixo e ele terminou de tirá-la. Interrompeu o beijo, passando a beijar desde o canto da minha boca, passando pela linha do meu maxilar, de uma ponta à outra, o pescoço e colo. O ouvi resmungar algo e o olhei, meio confusa. Me explicou:

- Desculpe. Eu disse que você é linda.

Corei fortemente e ele começou a beijar o meu seio esquerdo enquanto apertava o direito com delicadeza. Senti a ponta da sua língua brincar com o bico, que se enrijecia cada vez mais, além de suga-lo e até mesmo mordiscá-lo. Eu gemia fraco e enterrava meus dedos nos seus cabelos, os puxando conforme a mistura de sensações ia se intensificando dentro de mim. Quando menos esperei, abandonou meus seios e partiu na direção da minha barriga, tomando o cuidado de não deixar nenhum mínimo pedaço de pele passar intocado por seus lábios. Não demorei muito a entender o que ele ia fazer e, como ele tinha todo o jeito de ser teimoso, acabei o deixando fazer tudo aquilo que bem-entendesse. Senti seus dedos subindo pelas laterais das minhas coxas até alcançar a lateral da calcinha que eu usava e puxar a peça para baixo, conforme se aproximava do meu baixo-ventre. Me controlava para não fazer um escândalo logo que ele chegou ao meu sexo e começou a deslizar a ponta da língua sobre ele. Sentia que cada mínimo pedaço do meu corpo parecia estar em chamas, sem falar que tudo aquilo era viciante e muito bom. Provavelmente, o melhor dos encontros que tive na minha vida.

Usou a ponta da sua língua para brincar com o meu clitóris enquanto penetrava dois dos seus dedos em mim, fazendo com que eu arfasse e até mesmo arqueasse as costas, enquanto agarrava os lençóis e mordia os lábios, para evitar que um grito ou até mesmo um gemido mais alto escapasse por entre meus lábios. Comecei a sentir aquela... Coisa inexplicavelmente boa e, quando começou a se tornar insuportável, falei, com a voz absurdamente falha:

- Eu quero você agora.

Então, depois que senti seus dedos me deixando, bem como parou de me estimular com sua língua, se endireitou e, depois de se levantar, ficou longe por alguns poucos segundos e, quando voltou a ficar por cima de mim, já tinha tirado a cueca e posto a camisinha. Segurou minhas pernas, me obrigando a envolvê-las em torno do seu quadril e, lentamente, começou a me penetrar, se movendo com um cuidado surpreendente. Entretanto, algo que percebi é que, em nenhum momento, desviou o olhar do meu. Provavelmente queria prestar atenção a cada mínima reação que eu tinha. Conforme ele ia aumentando a velocidade com que se movia dentro de mim, parecia que a sensação prazerosa só fazia aumentar e, como uma espécie de resposta, eu não conseguia me decidir entre apertar seu ombro, a nuca ou deslizar minhas unhas nas suas costas. A sua sorte é que eu não era fã de unhas tão compridas e, portanto, as chances de eu machuca-lo eram poucas. E quando não era mais capaz de me controlar, deixei um gemido escapar ao mesmo tempo em que atingia o clímax junto do orgasmo mais incrível que eu já havia tido. Enquanto ele continuava a se mover, eu tentava ajuda-lo e, por fim, depois de alguns minutos, ele finalmente chegou ao máximo do que podia suportar, largando-se ao meu lado.

Tomada pelo cansaço, acabei dormindo. Mas não muito tempo depois, senti seus braços em torno do meu corpo, me puxando para mais perto dele. Acho que não dormia tão bem há pelo menos uma década.

Na manhã seguinte, quando eu acordei, o quarto estava parcialmente iluminado graças às pesadas cortinas que impediam a luz do sol de entrar ali. Pisquei diversas vezes e, como sempre, me frustrei ao ver que estava sozinha na cama e parecia que assim tinha sido durante toda a noite, não havendo nenhuma prova concreta de que eu havia dormido com um estranho.

Quando terminei de me arrumar, dei uma última olhada no quarto, ainda pesarosa por ter respeitado praticamente todas as regras e não ter perguntado ao menos seu nome. Fechei a porta, levando as chaves comigo e, assim que passei pela recepção, o gerente me parou no meio do caminho.

- Me desculpe, senhorita, mas me pediram para entregar-lhe isso.

Segurava um papel dobrado e agradeci, saindo do hotel logo em seguida. Assim que entrei em um táxi e estava indo para a casa quando minha curiosidade me venceu. Abri o papel e li:

Acho que por termos quebrado uma das principais regras, estamos fora do grupo. Sendo assim, quando quiser me encontrar para tomar um café, me ligue nesse número abaixo.

Obviamente, sorri toda boba com a esperança de um futuro encontro, talvez até mais cedo do que eu esperava...

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